Um dia vou estar sem forças, minhas pernas vão tremer, meus braços irão estalar. Um dia a minha voz irá ficar num registo mais grave e minha pele irá dobrar-se em leves rugas. Um dia vou deixar de ter forças para andar, caminhar. Um dia eu irei por cada ruga contar uma história e por cada história irei dar um sorriso, uma lágrima. Tudo isto será o mais provável que aconteça quando a mim chegar a velhice que eu tanto temo. Temo com medo da morte, temo com medo de não fazer mais teatro. Teatro, palavra que poucos indivíduos entendem, palavra que dá brilho aos meus olhos e cor à minha voz. Teatro é tudo aquilo que ou nasce connosco, ou não é nosso, é aquilo que muitos tentam compreender falhadamente, é aquilo que só se compreende se existir paixão por ele. Teatro vs. Velhice. E se um dia eu estiver prestes a morrer? Sim, isso mesmo, quando eu for vitima da sede insaciável da morte, quando eu estiver com falta de ar e com o sangue a escassear? Pronto aí chegará a minha hora, mas e se a Voz me faltar? Mesmo assim, eu gritarei bem alto num tom mais grave até que a voz me doa, TEATRO!