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Ana - 19 - Porto
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posted : terça-feira, 13 de dezembro de 2011
title : Avô ...


Meu querido e eterno avô, que poderei dizer para te "tocar". Não tocar da maneira que eu queria, pois desde os meus doces e singelos onze anos que tal acto deixou de ser possível, mas, mesmo assim eu não deixei que ninguém me tocasse no meu maior ponto fraco que talvez fosse a tua partida para um mundo distante doo meu. Sei que não passávamos propriamente o tempo a correr e a saltar, sei que não passeávamos com frequência tal como eu agora sinto que naquela altura me faltou, não foi por tua culpa nem por culpa minha, foi por culpa daqueles malditos e miseres quilómetros que ainda hoje me atormentam por eu não poder ir visitar-te aquele lugar que foi o teu cais de partida, aquele sitio onde só existem bilhetes de partida. Avô, será que ainda te lembras de tudo aquilo que vivemos juntos? Dos poucos passeios que tiveste oportunidade de me dar antes de te dar aquela maldita doença, lembras-te também das idas à praia? Pois bem, eu lembro-me disto tudo e da eterna saudade e mágoa que comigo ficou, lembro-me de percorrer as estradas de norte a Sul para te ir ver aquela terra de mar, onde eu sabia que tu estavas à minha espera, para me receber de braços abertos, com um abraço longo e apertado são sete horas e meias de caminho que d'antes com certeza eram percorridas com mais vontade do que agora. Custa-me, custa-me imenso saber que agora não estás naquela porta para ma abrires, nem naquela varanda ou janela para me dizeres um último adeus. Lembro de um alguém dizer, "o meu pai não chega ao Natal, vejo-o muito abatido", não foi o meu pai que o disse mas eu sei quem foi e por mero acaso nesse ano ficamos cerca de quinze dias lá, festejamos o teu último aniversário, entre outras coisas, disse-te então um último adeus, dei-te então um último abraço, ouvi-te pela última vez a comunicar comigo e então soltou-se um "adeus avô, até para o ano", julgava eu, uma pobre alma inocente de onze anos, passou Outubro e dez dias de Novembro, chegou ao décimo primeiro dia, tinha acabado de chegar da escola e recebo a triste noticia "Ana, o avô morreu, os pais já foram para o Algarve!", fui calada o resto do caminho todo até casa, cheguei a casa da avó materna vim cá para fora e chorei e disseram-me, "não chores Ana, algum dia tu sabias que tinha que ser!", mas que sabia eu? Nada, rigorosamente nada, só sabia que te queria perto de mim, o que mais me recordo eram as meloas que me davas a mim e ao meu irmão no fim do almoço ou do jantar, raras são as vezes que não as como e não me lembre de ti! Chocou-me quando vi o meu pai sentado numa campa em frente à tua a chorar, disfarçando as lágrimas quando cheguei perto dele, talvez para eu não ficar triste também, perguntei-lhe então salvo o erro se demorávamos a ir embora, porque o senhor tinha dito quando entramos que queria fechar as portas e nós tínhamos-lhe prometido que não demorávamos, respondeu-me então com a voz meia tremida "não" e eu, fui dar mais uma volta pelo suposto "cais de partida"!
Hoje com dezasseis anos e uma mentalidade mais aberta para o mundo eu digo que és o meu orgulho avô, uma das melhores partes de mim que me faz chorar as maiores, mais sinceras e mais pesadas lágrimas de saudade, mágoa, tristeza, orgulho, alegria, amor, carinho, afinal tu não morres-te, tu foste apenas procurar uma nova casa para depois eu ir ter contigo, foste e eu prometo que um dia irei estar aí e espero que tu estejas de braços abertos para me abraçares, como estavas naquela porta do terceiro andar de um prédio no meio da terra do mar, eu sei que vais estar, meu avô, meu companheiro, meu maior amigo, meu senhor Agostinho ;) (posto isto as minhas lágrimas ficaram estancadas pelas memórias e recordações que me fazem sorrir novamente por ti e para ti avô, espero que me tenhas "ouvido" e que de certa forma te tenha "tocado")
Até já meu avô prometo que um dia embarcarei no cais de partida e irei ter logo de imediato contigo, até lá, estejas tu onde estiveres, olha por mim  e cuida de mim, sabes bem, aliás melhor que ninguém que eu, amo-te!
Eu acredito que existe a suposta "vida para além da morte", porque eu te quero verdadeira e sinceramente encontrar meu querido e eterno avô!

És um anjo, o meu anjo!